Revista Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo - Online first: 2021-01-19
Original article
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Iodine deficiency in pregnant women on São Miguel Island, Azores. Assessing the Impact of Corrective Measures
Abstract
INTRODUCTION. Iodine is an essential trace element whose primary function in the body is the synthesis of thyroid hormones, which play a determining role in growth and development, especially in the maturation of the nervous system. In 2012, a study by the Thyroid Study Group of the Portuguese Society of Endocrinology Diabetes and Metabolism observed in the Azorean pregnant women, a median urinary iodine of 46.2μg/L. 98.6% of women had insufficient urinary iodine (<150μg/L) and 55.7% values <50 μg/L. On the island of S. Miguel, where more than two thirds of births in the Azores are registered, the median urinary iodine observed was 49.7 μg/L. In view of the situation, the Regional Health Department of the Azores implemented as a corrective measures of the deficiency the daily supplementation of iodine, free of charge, in women during pre-natal, pregnancy and breastfeeding and the implementation of the use of iodized salt in the diet. AIM. The present study aimed to evaluate the iodine intake of pregnant women in S. Miguel island, through urinary iodine excretion and also to monitor the impact of corrective measures to reduce iodine deficiency after the implementation of the use of iodized salt and daily supplement of iodine. METHODS. In a random sample of 100 pregnant women followed at Divino Espírito Santo Hospital, an occasional urine sample was collected. The iodine intake was evaluated by its urinary iodine excretion, determined by a fast colorimetric method. RESULTS. In the observed pregnant women, the median urinary iodine was 77.4 μg/L. Sufficient iodine intake (>150 μg/L) was observed in 9.1% of pregnant women and insufficient (<150 μg/L) in 90.9%. Urinary iodine below 50 μg/L was documented in 33.4% of pregnant women. CONCLUSIONS. The present study indicates a considerable improvement in the iodine intake of pregnant women in S. Miguel, compared to that obtained in 2012. However, the results are far below those desirable according to international indications. In this context, taking into account the undesirable effects of iodine deficit in pregnancy, it is recommended to intensify the measures initiated, with the mandatory iodization of salt and supplementation with iodine in pregnancy.
Portuguese abstract
INTRODUÇÃO. O iodo é um oligoelemento essencial que tem como função primordial no organismo a síntese das hormonas da tiróide, as quais desempenham um papel determinante no crescimento e desenvolvimento, especialmente na maturação do sistema nervoso. Em 2012, um trabalho do Grupo de Estudos da Tiróide da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia Diabetes e Metabolismo observou nas grávidas açorianas, uma mediana das iodúrias de 46,2 μg/L. 98,6% das mulheres apresentavam iodúrias insuficientes (<150 μg/L) e 55,7% valores <50 μg/L. Na Ilha de S. Miguel, onde se registam mais de dois terços dos nascimentos dos Açores, a mediana das iodúrias observada foi de 49,7 μg/L. Face à situação, a Secretaria Regional da Saúde dos Açores implementou como medidas correctivas da carência a suplementação diária de iodo, a titulo gratuito, em mulheres durante a preconceção, gravidez e amamentação e a implementação da utilização do sal iodado na alimentação. OBJETIVOS. No presente trabalho pretendeu-se avaliar o aporte iodado nas grávidas da ilha de S. Miguel, através da excreção urinária de iodo e também monitorizar o impacto das medidas corretivas para diminuição da carência de iodo após a implementação do uso de sal iodado e suplemento diário de iodo. MÉTODOS. Numa amostra aleatória de 100 grávidas seguidas no Hospital do Divino Espírito Santo, foi recolhida uma amostra ocasional de urina. O aporte de iodo foi avaliado pelas suas iodúrias, determinadas por um método colorimétrico rápido. RESULTADOS. Nas grávidas observadas a mediana das iodúrias foi de 77,4 μg/L. Observou-se um aporte iodado suficiente (>150 μg/L) em 9,1% das grávidas e insuficiente (<150 μg/L) em 90,9%. Iodúrias inferiores a 50 μg/L foram documentadas em 33,4% das grávidas. CONCLUSÕES. O presente estudo indica uma melhoria considerável no aporte iodado nas grávidas de S. Miguel, em relação ao obtido em 2012. No entanto, os resultados encontram-se muito aquém dos desejáveis segundo as indicações internacionais. Neste contexto, tendo em conta os efeitos indesejáveis do deficit de iodo na gravidez, recomenda-se a intensificação das medidas iniciadas com a iodização obrigatória do sal e a suplementação com iodo na gravidez.